25 de junho de 2012

engolindo água

Um colega do grupo de estudos hoje me fez uma pergunta que, respondendo mentalmente na volta pra cá no ônibus, acho que talvez faça as apresentações melhor do que qualquer postagenzinha quem sou eu.

"Por que você veio fazer Jornalismo?", disse ele.

O tanto de coisas que veio à mente foi meio absurdo. Tentei rapidamente elencar todas da melhor forma possível, para que a resposta fosse coesa e não parecesse tão fútil nem pra quem estava ali e nem pra mim (pena que não deu muito certo... pelo menos pra mim ainda soou).

O que eu falei primeiro - e que não é necessariamente o primeiro motivo que surgiu na minha vida - é que fui pra Comunicação porque não queria dar aula. Não é mentira, mas dito assim fica parecendo que não tentei ou que, de alguma forma, menosprezo o magistério. Não é verdade! Não entrei nas Letras querendo ser professora e tentei lecionar, de uma forma apaixonada até, mas não deu. Muitos ainda dizem que a minha praia é essa, mas talvez eu prefira o mar e plim, tô aqui nadando contra a corrente.

Outro motivo que eu elenquei ali foi o fato de que "sou concurseira e concurso bom só sai pedindo Jornalismo, mesmo que as atribuições berrem Letras". Resumo histórico? Não cresci numa família que tenha me preparado para o mercado de trabalho, nem mentalmente. Cresci numa família de concurseiros. Fui aquela que na oitava série tinha o plano de vida traçado pelos pais: cursar Direito, ser oficial de justiça - que depois descobrir que quando moça é oficiala - e com um "serviço coxa de entregar correspondência do Judiciário" ter tempo pra estudar pra juíza ou promotora, preferencialmente juíza. Cliché, né? Eu acho, o problema é que Direito não era opção pra mim ao fim do terceiro. Ainda sim o mundo conspirou e eu acabei cursando um ano numa particular McDonald's aí. No fim, a onda me levou, mas não pra praia do Direito.

Estudei Letras na modalidade licenciatura em uma universidade pública brasileira localizada na região sudeste do país. Se no berço não tive nenhuma instrução pro mercado de trabalho, lá muito menos. Lembro - e todo mundo da minha turma já me provou que lembra também, então não é ficção minha - que me joguei nas Letras com a intenção de ser "editora-chefe da Bravo!" um dia. Prepotente, né?
O que me despertou o brilho nos olhos com o magistério pode ser definido em uma vontade e em um nome: mudar o mundo mesmo que seja por meio de pequenos mundos, e Maria Antonia Granville - uma inspiração pra Vida, não só pro profissional. E eu, subconscientemente, acreditava que ela chegaria ao nível Niemeyer no rpg da vida...
O ponto: a estadual me botou numa encruzilhada em que eu deveria escolher entre magistério e vida acadêmica. No desespero, procurei um conselho materno numa figura materna que estava ao alcance e, com um poema - acredite, sobre caminhos - eu vi abrir um caminho outro. O problema aí era casar a vontade de ser concursada e a vontade de não dar aula ao princípio fundamental das larvinhas pretensas a virar bixo: trabalhar no que goste quando se formar.

Resultado: Jornalismo. E foi longa a análise estatística de editais que fiz para chegar a este.

Apesar de ter conseguido focar o que eu gostaria da minha vida - e pior, achar que isso me define tão relevantemente a ponto de abrir o blog com o assunto no primeiro tópico - ainda não cheguei lá. Pior - pior? - é que estou só no meio do caminho de atingir a estabilidade necessária pra poder liberar todas as minhas instabilidades sem a pressão social das contas me atingirem como Bicho Papão atinge criança com medo de escuro. Dá pra dizer que aqui serão vistos os escritos de uma pessoa que poderia elencar e justificar inúmeros motivos em que se baseia para acreditar que é especial - e, na realidade, não passa de mais uma, seja pro governo, seja pro IBGE, seja pra você. Dá pra dizer que este blog vai ser o vômito, o que ficou na garganta de quem por vários anos, e todos os dias, aprende com os próprios erros e escolhas como se fosse a segunda vez que decidisse algo (a primeira foi marcante demais pra ser comparada à qualquer outra). No fundo, ainda tenho meus treze e estou pegando as rédeas pela segunda vez. 
Na superfície, ainda tenho medo de escuro.

Um comentário:

  1. Sei que provavelmente a intenção não era que ficasse lindo, mas parabéns pelo lindo post inicial!

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